#desafiosillyseason
17 de Julho de 2020: Está um calor insuportável e só apetece estar à beira da piscina, com um Gin Tónico numa mão e um livro na outra (contanto que não seja digital). Mas que livro se pode apreciar à beira da piscina, sob um Sol escaldante que, não só nos torra a pele, como também acelera a fermentação do Gin dentro de nós? Com certeza que ninguém vai de Tolstoi ou Homero para a beira da piscina, só se for para fazer de almofada (desde que embrulhados numa toalha, porque o que é confortável para o cérebro, não é forçosamente confortável para o crânio!).
Apesar de nos apetecer algo mais leve, que é normal – por exemplo um alvarinho sabe melhor no Verão do que um touriga nacional alentejano – não quer dizer que tenhamos de baixar a fasquia a nível da qualidade do que lemos, daremos é preferência a uma forma mais leve, a uma linguagem mais descontraída, um livro mais curto, capítulos curtos, por exemplo.
Na mesma semana, vieram-me parar às mãos os livros “SeinLanguages” de Jerry Seinfeld e “Certas Coisas Que Não Sei Explicar” de João Quadros, leituras que fluíram em mim tão bem, quanto aquele copo de Gin Tónico que bebi estirada na bóia da piscina enquanto pensava sobre isto. Que isto? A chamada Silly Season. Aquela Season (porque entretanto a palavra Estações já só se usará quando ligarmos para a TelePizza a pedir take-away) em que nos tornamos todos Silly porque chega o calor, as aulas terminaram (para quem tem putos) e já ninguém tem paciência para rotinas, só queremos estar na rua, beber metade da quantidade do nosso sangue em álcool e deixar os “eu-de-Setembro” resolver todas as situações pendentes, ou que surjam durante a Season. Os “eu-da-Silly-Season” querem é cowboiada nada melhor para proporcionar cowboiada do que textos humorísticos. Além de divertidos, normalmente surgem em forma de crónicas, ou divididos em pequenos capítulos, e, apesar do seu look descontraído, se soubermos escolher bem, são bastante introspectivos na forma como se usa o humor para dar conta das nossas próprias falhas, da nossa vulnerabilidade, do absurdo que existe no quotidiano mas que nos passa ao lado, de forma tão inconsciente quanto o gesto de trancar a porta de casa quando saímos – 5 minutos depois: “Bolas, será que tranquei a porta? Oh, que se lixe, o eu-de-quando-regressar que se preocupe com isso, que este alvarinho não se bebe sozinho!”
#desafiosillyseason
17 de Julho de 2020
Está um calor insuportável e só apetece estar à beira da piscina, com um Gin Tónico numa mão e um livro na outra (contanto que não seja digital). Mas que livro se pode apreciar à beira da piscina, sob um Sol escaldante que, não só nos torra a pele, como também acelera a fermentação do Gin dentro de nós? Com certeza que ninguém vai de Tolstoi ou Homero para a beira da piscina, só se for para fazer de almofada (desde que embrulhados numa toalha, porque o que é confortável para o cérebro, não é forçosamente confortável para o crânio!).
Apesar de nos apetecer algo mais leve, que é normal – por exemplo um alvarinho sabe melhor no Verão do que um touriga nacional alentejano – não quer dizer que tenhamos de baixar a fasquia a nível da qualidade do que lemos, daremos é preferência a uma forma mais leve, a uma linguagem mais descontraída, um livro mais curto, capítulos curtos, por exemplo.
Na mesma semana, vieram-me parar às mãos os livros “SeinLanguage” de Jerry Seinfeld e “Certas Coisas Que Não Sei Explicar” de João Quadros, leituras que fluíram em mim tão bem, quanto aquele copo de Gin Tónico que bebi estirada na bóia da piscina enquanto pensava sobre isto. Que isto? A chamada Silly Season. Aquela Season – já ninguém tem paciência para rotinas, só queremos estar na rua, beber metade da quantidade do nosso sangue em álcool e deixar os “eu-de-Setembro” lidar com que vier com o Outono.
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8 de Outubro de 2020
Assim começou este desafio que me fez descobrir livros e autores incríveis. Houve leituras que me preencheram de tal forma, como por exemplo “Catch 22 (Artigo 22)” de Joseph Heller que fiquei com vontade de descobrir e dar a conhecer este género aos leitores. Por isso decidi continuar o desafio, propondo-me a dedicar uma das minhas leituras mensais ao género, não descartando textos de teoria como “Dark Humor” de Harold Bloom.
O humor está presente na literatura de várias formas: autobiografias, crónicas ou textos inéditos de humoristas ou comediantes, diários ou guiões de séries televisivas, ficção com um tom humorístico muito marcado e, não podemos esquecer os eternos cartoons e a banda desenhada que todos estimamos desde a infância. São, ainda, vários os livros que tentam dar a conhecer ao público, um pouco mais, sobre o ofício de fazer humor como profissão. Apesar de não ser um género, por si só, muito explorado e divulgado, o humor está presente de forma mais ou menos evidente e,/ou propositada, em grandes obras da literatura, como por exemplo “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago, ou “O Pêndulo de Foucault” de Umberto Eco – através de recursos como a ironia, o sarcasmo, entre outros.
No entanto, o mundo do humor ainda é um mundo de homens e, apesar delas começarem a conquistar o seu espaço, infelizmente, as mulheres ainda têm uma voz muito fraca não só no ofício, como no mercado editorial, nomeadamente em Portugal, por isso, uma das minhas prioridades, além de divulgar humoristas portugueses, será também dar espaço à voz das mais interessantes mulheres desta área.
Em Janeiro de 2021 o #desafiosillyseason transforma-se no projecto A Veia da Minha Bílis.
Vídeo de apresentação do #desafiosillyseason versão Outubro 2020: