“A Dirty Job” de Christopher Moore
Christopher Moore é um escritor americano conhecido pelo género “fantasia cómica”. E, se não me tivesse sido recomendado por quem foi (obrigada Tininha!), teria desistido nas primeiras páginas. Primeiro porque fantasia não é, de todo o meu género, e depois porque não estava a achar a parte do “cómico”, do humor. No entanto, no meio dos monstros e de alucinações e de bebés protegidos por cães gigantes lá me comecei a agarrar à história e o livro acabou por se tornar um dos favoritos de 2020 e o Moore, provavelmente um Novo Amor.
Há de tudo nesta história, polícias, bebés, monstros de esgoto cheios de penas e de bicos, machos alfas e betas e até vizinhas ucranianas. Mas, principalmente, há lojas de artigos em segunda mão que escondem lavagens, não de dinheiro, mas de almas….
Embora não seja fã do mundo que Christopher Moore cria em A Dirty Job, acho que ele o fez de forma tão coerente e tão realista e absurda ao mesmo tempo, que me foi impossível não lhe atribuir todo o mérito que merece. Há um pai que, ao mesmo tempo que vê nascer a filha, vê morrer a mulher, ficando desta forma a educá-la sozinho, com a ajuda da sua irmã e, mais tarde da namorada que ela, finalmente, que decide apresentar à família, das duas vizinhas imigrantes e de dois enormes cães de caça que não deixam ninguém chegar-lhe perto. A esse pai, que tem uma loja de artigos em segunda mão, é-lhe incumbida uma tarefa, a Dirty Job, daqueles que ninguém quer, mas que alguém tem de fazer, e ele passa metade da história céptico em relação ao trabalho e a outra metade orgulhoso de ter sido O Escolhido dentro de todos os trabalhadores daquele ramo, digamos, inusitado.
Ao mesmo tempo que vemos este pai a debater-se com o dom que lhe foi dado, acompanhamos o crescimento da sua pequena filha cujos mistérios vão crescendo à sua volta sem que ele, demasiado enleado em conseguir preservá-la e mantê-la segura de todos os males que a possam atingir por causa dele, se aperceba de que ela se constrói mais forte do todos julgam.
Não vos posso contar muito sobre o livro porque, este sim, tem enredo e qualquer dica a mais da que tenha dado acima pode estragar o prazer da leitura, mas pelo que li nas reviews do Goodreads, ele é muito comparado aos universos que Stephen King constrói, adicionando-lhe, pelo menos no caso deste, doses de humor que aparecem em forma de absurdo, surrealismo e em situações limites que seriam irreais mas que não destoam no contexto – muito semelhantes ao universo de Terry Pratchett, que também ainda não li.
Irei com toda a certeza continuar a explorar os mundos de Christopher Moore e trazer-vos mais novidades sobre eles.
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