2021, recordar o ano em que o Fado perde Carlos do Carmo e a União Europeia perde (finalmente) o Reino Unido.
Pelo que me apercebi, ninguém teve a sensação de ter virado o ano na noite de 31 de Dezembro – e não me parece que tenha sido por falta dos antigos ajuntamentos (não acham que teria mais sentido que “ajuntamento” fosse a palavra do ano, ao invés de “saudade”? O português sente saudade de tudo, até de babatas fritas 3 dias depois do início de uma “dieta”…). A verdade é que julgo que já todos tivemos Segundas-Feiras mais prometedoras que a manhã de 2021:
“_ Bom dia, morreu o Carlos do Carmo já viram?
_ Que cena… Alguém quer uma mini, já tenho saudades?”
Estamos tão habituados à tragédia, que já pouco nos faz lamentar por mais de 2 minutos.
Hoje, dia 6 de Janeiro, julgo já ser tempo de passar o ano em revista:
- o fado perde Carlos do Carmo, ainda Portugal não tinha aberto os olhos.
- em Wuhan, onde a vida tornou ao normal, as festividades promoveram ajuntamentos nas ruas: “que saudades” diriam os Chineses, se fossem Portugueses.
- em França, uma festa ilegal juntou mais de 2500 pessoas – não me espanto, sempre ouvi dizer “à grande e à francesa”.
- O preço da luz desce e o ordenado mínimo sobe 30€ e, como os portugueses estão agora muito mais ricos, sobe o valor do tabaco e do pão: “ah, saudades de ser pobre!”.
- Évora e a escultura perdem João Cutileiro.
- Portugal continua a reportar metade dos casos de infecção ao fim-de-semana, com a função pública já se sabe. Saudades de quando os hospitais privados trabalhavam com doentes.
- Estados Unidos da América perdem hoje, oficialmente, Donald Trump. Mas Donald Trump continua a recusar-se a dar o telecomando do carrinho de brincar a Biden – aguardemos actualizações das notícias no Twitter.
- Começaram os debates entre os candidatos à presidência da república e o país apercebe-se de que, afinal, não tem saudades de Salazar nem do Cavaco. Embora sinta muitas saudades dos presépios da Cavaca.
- IEFP exige formação a formadores, mas estes revoltam-se porque não querem ser formados.
- Portugal assume a presidência do Conselho da União Europeia durante o primeiro semestre do ano.
No entanto, nem tudo é mau, o Reino Unido saiu oficialmente da União Europeia e, ameaçado pelo aumento de casos de infecção pelo Covid 19 e pela nova mutação do vírus, entra em confinamento: Boris Johnson deve estar radiante, agora sim, Inglaterra está como sempre desejou. Como todos sabemos o Brexit foi uma confusão: “agora saímos, agora não saímos”, parece a Relógio d’Água com o lançamento do último volume d’A Minha Luta do Karl Ove Knausgård: “Estimada, prevemos o lançamento do livro no próximo mês”, durante um ano!
Desde 2016, aquando da aprovação do Brexit em referendo, cerca de 7000 portugueses pediram nacionalidade inglesa. Se conhecerem algum desses portugueses, peçam-lhes que vos enviem os livros que querem comprar por lá, porque com isto tudo, o Bookdepository, deixou de enviar para fora do Reino Unido e Irlanda – afinal nem tudo é um mar de rosas! Esses portugueses correm o risco de não poder regressar, até porque Fernando Medina entregou a chave de Lisboa a Carlos do Carmo e, com a sua morte, ninguém sabe onde é que ele a pode ter deixado, pode até ter-se esquecido dela no bolso do casaco e agora nunca mais ninguém ninguém a vê.
Entretanto, e para que 2021 não comece de forma muito diferente do que foi 2020, para que não nos habituemos mal, deixo aqui uma peça de informação extremamente importante: A China não providencia a tempo todas as autorizações necessárias para que a OMS possa viajar até Wuahn de forma a investigar a origem da pandemia.
3, 2, 1: que regressem as teorias da conspiração!
Um comentário
Cristina
Um bom resumo do início de ano. Somos realmente muito saudosos de tudo 😀