“Choose Your Own Autobiography” de Neil Patrick Harris
Ao pesquisar literatura de humor, encontrei, incontornavelmente, biografias de humoristas. Não que Neil Patrick Harris seja considerado um humorista per se, mas a verdade é que é na comédia que o seu trabalho de actor sempre se destacou, desde Doogie Howser até ao grande Barney Stinson – apesar de não ser uma fã da série “How I Met Your Mother”, considero que é uma das melhores personagens de sitcoms produzidas nos últimos anos. E, se ainda não viram a adaptação da Netfilx de “Uma Série de Desgraças”, uma colecção de aventuras dos órfãos Baudelaire, escritas por Lemony Snicket, vejam porque, além de ser uma série maravilhosa, a interpretação de Harris do vilão Count Olaf é primorosa. Os livros foram também adaptados para filme onde Count Olaf foi interpretado por Jim Carrey.
Mas apesar de achar que Neil Patrick Harris é um actor com um excelente trabalho na vertente humorística, (além de me derreter com as fotos de família no Halloween… já viram? Se não viram, procurem porque os miúdos são amorosos!), o que me fez gostar deste livro não foi apenas o descobrir a vida de Harris que, devo confessar, ainda hoje não sei se descobri tudo!, mas sim o formato em que ele decidiu apresentar a sua auto-biografia.
O livro abre desta forma:
“My very first job was working in a bookstore. It was there that I discovered the Choose Your Own Adventure books. I’d spend hours lost in those novels—I loved the idea that I could write my own story, or at least try to figure out which path was the winning one. When it came time to write my memoir, I couldn’t think of a better way to depict my twisty-turny life, so I decided to adapt the Choose Your Own Adventure concept.”
Ou seja, Neil Patrick Harris decidiu, para escrever a sua história, pegar nas memórias dos livros de aventuras de que tanto gostava, porque lhe permitiam ser ele a construir o seu próprio caminho e, não fosse esse o conceito da vida real, dar-nos o poder de ler a sua história de acordo com a nossa própria vontade. Ele dá-nos o ponto de partida e, a partir daí, cabe-nos ir escolhendo o caminho que mais nos agrada, como por exemplo logo no início:
“If you would like to experience a more wholesome childhood, go HERE.
or
If you are eager to meet your own children, skip ahead thirty years and go HERE.”
ou mesmo
“To delve more into the tenuous netherworld that is your adolescent sexuality, go HERE.
If you prefer to keep those kind of issues hovering in your subconscious for now, go HERE.”
Corre muita tinta literária sob o género de auto-biografia, mais ou menos ficcional; alguém nos conta a sua história encadeando factos e memórias da forma que sente mais verdadeira para consigo, e Harris escolheu esta e esta escolha diz muito sobre o que vamos encontrar ao longo do caminho que vamos traçando, um homem muito criativo (a sério, já foram ver as fotos de Halloween da família?), espontâneo, mantendo um lado humilde e de incredulidade no tanto que lhe vai acontecendo.
Ao longo do livro vamos encontrar factos sobre cuja veracidade vamos duvidar, sobre outros vamos perceber logo a paródia, vamos entrar no mundo de glamour de Holliwood, preparem-se para visitar a casa de Elton John, ou não, depende se conseguirem chegar lá, e espreitar os bastidores dos Óscares. E magia? Sim, quem viu HIMYM, riu com toda a certeza, dos truques de magia que Barney usava de vez em quando, e a verdade é que esses truques não são truques da série, mas sim dotes do próprio actor. Neste livro ele vai também tentar fazer magia connosco, truques de cartas que eu julgo que resultam, embora confesse que me confundi um pouco com as directrizes.
Em suma, eu li o livro 4 vezes e não sei se consegui passar por todas as fases da vida do autor, mas fiquei satisfeita com o que me diverti a explorá-la. Fiquei presa num loop nas mesmas histórias, do qual me foi muito difícil sair, e numa das leituras terminei o livro em 5 minutos. Foi muito bom reconstruir uma vida desta forma, escolhendo vários caminhos, às vezes os mais improváveis, para ver até onde é que ele conseguia ir. Eu não sou muito apreciadora de auto-biografias quando o seu formato não traz algo de diferente de um mero encadear de factos e esta é mesmo uma das mais originais e divertidas que já li.
O facto de ter lido em ebook ajudou esta dinâmica visto que, para saltar de página em página, tinha apenas de clicar nos links. O livro não existe com tradução para português, mas tem uma linguagem bastante acessível em inglês.
Os Gémeos:
Um comentário
Anónimo
Fiquei muito curiosa! Que pena não existir em português…