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Poetas de Karaoke

As notícias dos últimos dias são: a actriz trans que invadiu o palco do São Luiz a reclamar um espaço que sentia seu e, claro, o custo do palco em que o Papa irá discursar nesta coisa das Jornadas Religiosas.

Quando isto acontece, o que não é raro, são horas de scrolling nas redes sociais, durante dias infinitos, até conseguir limpar todas as opiniões de toda a gente do meu feed. E é nesta altura que penso: Vale a pena manter Facebook? Claro, podem responder: porque não retiras apenas essas pessoas? Quem opina sobre estas questões é, na maioria, quem mais me interessa manter, pessoas cuja opinião considero relevante. É o reverso da medalha: a razão pela qual ainda acho que faz sentido manter o Facebook: partilha de informação e opinião pertinente.

O que me chateia é a enxurrada. E, claro… As páginas de comunicação social, jornais como O Público e O Expresso são alvo de comentários como: “Mas isto é notícia? Isto é lixo.” O que me faz questionar: Que tipo de notícias queremos nós nos dias de hoje? Visto que já ninguém liga nenhuma à guerra da Ucrânia – a não ser quando isso nos afecta: subida do custo de vida e os refugiados que vêm roubar o dinheiro dos subsídios de todas as “mães solteiras” que partilham vida com companheiros mas não se casam para não os perderem?

Sim, queremos saber quanto custa o palco do Papa, mas só porque queremos lenha para incendiar. Queremos ser nós a decidir para onde deve ir esse dinheiro. Para a Cultura (para que os trans tenham espaço nos palcos mainstream), para os Pobrezinhos (para evitar que mais famílias comecem a armar tendas nos areais), ao Apoio ao Arrendamento (menos acampamento na praia, faz sentido olhem o aspecto de ciganada que estamos a passar à turistada). Para os Professores (pelos vistos já ninguém se lembra dos profissionais de saúde a quem aplaudiam todos os dias durante a pandemia), para ajudar quem perdeu tudo com as cheias (porquê pensar nos fogos do Verão, até Junho ainda temos muito tempo!).

Cada um acha que a “sua” luta é maior e mais importante que a do vizinho.
A galinha do vizinho já não é melhor que a minha, agora já temos um galo capão mesmo que para isso tenhamos de mascarar um frango mal amanhado.

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