
A Veia da Minha Bílis
Agosto de 2025:
CRÓNICA: A Mil e Duas Páginas já era
Hoje estou desolada – a minha vida mudou radicalmente e ninguém se preocupou com isso, nem uma simples mensagem eu recebi quando, de repente, o meu mundo ficou virado do avesso.
Ok, consigo entender que quem não interage comigo de forma regular não tenha reparado. Mas, como perdoar os meus grandes amigos, a minha própria família, o meu namorado que prometeu nunca me abandonar? Que afecto têm por mim estas pessoas que me ignoram num dos momentos mais cruciais da minha vida?
É uma dor que carrego comigo desde que tudo aconteceu.. Ontem.. Bateu tão forte que só hoje reparei que só fui ignorada porque “sofro por antecipação” – antecipei de tal forma o sofrimento que me esqueci completamente de contar a toda a gente o que aconteceu.
Bolas, pá… eu até passei o dia inteirinho a rever as aulas da Oficina de Escrita Humorística do Ricardo Araújo Pereira porque, em certos segundos exactos, guardados no palheiro de 8 horas e 100€ de conteúdo, ele fala sobre um dicionário de sinónimos alternativos e eu não me lembrava que era o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa – precisava mesmo de arranjar outra palavra para “chapéu”, assim no sentido de “umbrella” em inglês sabem? só para aperaltar a crónica que estava a escrever: “Atenção seguidores, alterei o nome e info do meu perfil do instagram.”
Claro que nunca mais me lembrei que, sem a crónica, que obviamente acabei por não terminar … ninguém ia dar conta de que a @mile2paginas já não existia, muito menos perceber que estavam a seguir um perfil completamente desconhecido chamado @aveiadaminhabilis – como esperar que alguém chegasse sozinho à conclusão de que o que aconteceu foi:
– depois de ser surpreendida pelo Público a fazer publicidade ao Lidl – e logo ontem que era Quinta-Feira.. – tornou a mim a inspiração que há 3 anos me levou a escrever crónicas humorísticas.
E foi por isso que ontem, finalmente, tomei a decisão de estar pronta a aceitar e assumir que, já que aos 42 anos fui forçada ao luxo de ter de me reinventar, da próxima vez que me perguntarem o que é que eu faço, eu vou levantar o queixo e dizer que sou escritora… especializada em fazer humor no divã.
Março 2023:
Ao longo dos últimos 2 anos, este projecto ganhou um novo espaço. Um espaço que cresceu em mim com a necessidade de partilhar opiniões, não é para isso que as redes sociais servem, ao fim e ao cabo?, dando asas ao meu próprio humor. Foi assim que surgiu o #agoracronicoeu especial, está tudo aqui: As Crónicas da Minha Bílis
Janeiro 2021:
Comecei por ler humor durante os meses de Julho Agosto e Setembro mas esse projecto a que chamei #desafiosillyseason correu tão bem que decidi continuá-lo, dedicando-lhe, pelo menos, 1 leitura mensal.
Chego ao final do ano depois de leituras tão ricas, autores tão interessantes, pesquisas tão fascinantes e tanto e tão bom comediante que vocês precisam de conhecer (obrigada Santa Netflix!), que é impossível não querer tornar este projecto num ser mais autónomo. Surge assim: A Veia da Minha Bílis.
Este espaço pretende exaltar o humor, não só enquanto género literário tantas vezes esquecido, mas também enquanto forma de manifestação artística menosprezada pela sua conotação, desde há vários séculos, com o facilitismo da “palhaçada”. Mais recentemente o humor vem questionando, também várias éticas e morais, como a liberdade de expressão, e o crescimento exponencial das redes sociais tem tido o papel mais activo nesse questionamento. Mas será ele positivo ou negativo?
São muitas as respostas que também procuro de forma a conseguir entender o humor onde quer que o encontre. Que tipos de humor existem, quais as suas subtilezas. Conseguirei mesmo distinguir ironia de sarcasmo? Conseguirei distinguir o bom-humor do mau-humor?
Gostava de vos convidar a fazer esta viagem comigo. Vamos ouvir teóricos falar sobre humor (Harold Bloom escreve sobre Humor Negro, onde analisa o humor de várias obras, inclusivé deum dos meus livros favoritos de 2020, “Catch 22“). Irei também dar-vos a conhecer alguns dos primeiros comediantes norte americanos (anos 70), como Lenny Bruce e George Carlin que acabaram na prisão, o primeiro diversas vezes, devido ao teor dos seus espectáculos.
Quase 40 anos depois pensávamos que algo teria mudado, certo? Depois de vários ataques, em 2015 a sede do jornal satírico francês Charlie Hebdo foi invadida por dois indivíduos vestidos de preto e armados com fuzis Kalashnikov que mataram 12 pessoas à revelia dos cartoons de Maomé. Em 2019, a sede do colectivo Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, foi bombardeada com cocktails molotov, depois da publicação do seu tradicional episódio Especial de Natal que, nesse ano representava Jesus Cristo numa relação homossexual e Maria, José e Deus numa relação a três. Paris / Rio de Janeiro = coincidência ou padrão?
Se o humor vos interessa, até mesmo o des-humor, vamos partir à descoberta dos gigantes e dos novatos, desde os icónicos norte americanos (porque não irei fazer isto sem o meu Seinfeld <3) até a Hugleikur Dagsson, um humorista islandês com uns com uns cartoons deliciosos (têm de ver o calendário que lançou para 2021) . E, claro… não me esqueço dos meus adorados britânicos, que mesmo armados ao pingarelho a pensarem que nos fazem muita falta na UE, trouxeram, nos últimos meses, ao meu Universo o fabuloso Jimmy Carr – uma hora de espectáculo SÓ com one-liners. WOW, tal como o brilhante Demetri Martin! Ok, o Jimmy Carr é fabuloso, sim! Mas fazer humor num país que traz humor negro nas veias (e na bílis) não é desafio algum, é certo. Por isso quero perceber o humor do Médio Oriente, por exemplo. E as mulheres, onde estão as mulheres? Já aqui falei de Tina Fey, que achei uma inspiração, por isso vamos seguir à procura de mais mulheres publicadas neste género.
Como podem ver, material não nos falta porque sim, a ideia inicial também é continuar a falar de livros. E para tal, aqui fica a página que irá conter a tbr que vou encontrando e lendo dentro deste projecto. E, se tiverem recomendações podem deixar nos comentários.