Os Meus Textos
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Manual do bom fascista
Hoje cedo bateram-me à porta e, para minha infelicidade, não consegui esconder a minha presença. Era um homem esguio, de fato e gravata. Eu, já escaldada com estes tipos avisei logo: _ Se vem para instalar o medo pode dar meia volta que o Carlos e o Sousa já cá estiveram a semana passada. _ O Carlos e o Sousa? Mas nós não temos ninguém com esses nomes na nossa empresa! Confirmou as credenciais dos técnicos? Olhei-o de lado… _ Estou a ver pelo seu ar de dúvida que os meus colegas fizeram um bom trabalho, então! _Ouça, eu já disse e torno a dizer, eu vivo com dois cães,…
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Leio como se me escrevesses
“Eu sou muito bem comportadinho e escrevi um livro assim. (risos)” Esta entrevista não é uma entrevista, também o é, mas além disso, é uma conversa entre um escritor e uma aspirante a escritora, que encontrou no “O escuro que te ilumina”, uma identificação a nível pessoal e literário. Há respostas que são para mim, porque é a mim que essas questões assolam. Porque sou eu que o “Leio como se ele me escrevesse”. Muito se escreveu já sobre “O escuro que te ilumina” de José Riço Direitinho e a palavra “pornografia” vem quase sempre como adjectivo primordial, ideia que o escritor desconstrói a cada oportunidade. No fim de contas,…
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A Menina dos Cabelos de Oiro que amava Lírios Cinzentos.doc
Sossegadamente impregnava, nas paredes da sua Casa da Babilónia, o suave e delicioso perfume de rosas acabadas de colher do Jardim de Atlântida. A sanita mudava a sua água e amaciava as suas paredes para receber o ramo que a Menina dos Cabelos de Oiro lhe trazia todas as semanas, numa rotineira viagem vaivém. Numa semana à Segunda-Feira, na seguinte à Terça, na próxima na Quarta e assim sucessivamente até Domingo, o início de um novo ciclo. Na semana seguinte ao Sábado, na próxima à Sexta e por aí fora. A Menina dos Cabelos de Oiro repetia o mesmo ritual todas as semanas… Todas as semanas enfeitava a sua sanita…