
#lerkarlove
QUEM É KARL OVE KNAUSGÅRD?
Karl Ove Knausgård nasceu em Oslo, na Noruega, a 6 de dezembro de 1968 e cresceu em Tromøya e em Kristiansand. Estudou Artes e Literatura na Universidade de Bergen. Publicou o seu primeiro romance aos 30 anos, Ute av verden, que recebeu o Prémio da Crítica Literária Norueguesa, nunca antes atribuído a uma primeira obra. No seu segundo romance, En tid for alt (2004), rescreveu fragmentos da Bíblia. O livro foi considerado pelo The New York Review of Books «estranho, irregular e maravilhoso».
No Outono de 2009, Knausgård iniciou um projeto literário singular, a obra autobiográfica A Minha Luta, composta por seis extensos volumes. Com ela obteve vários prémios no seu país, recebeu elogios de escritores e críticos e conquistou centenas de milhares de leitores nas muitas línguas para que foi traduzida. O primeiro volume da série, foi escrito uma década depois de o pai de Karl Ove Knausgård morrer alcoolizado. O autor deambula entre as dúvidas do seu talento, as frustrações atuais e passadas, a descoberta do sexo e do álcool, «essa bebida mágica», e as inseguranças da adolescência e da paternidade. É o início de uma exploração proustiana do passado e da procura das partículas elementares da sua vida. Criou, na Noruega, com o seu o seu irmão Yngve e amigo Asbjørn Jensen, uma pequena editora, a Pelikanen.
O QUE É #LERKARLOVE?
Por mais que leia e releia, e releia e leia tudo o que Karl Ove Knausgård escreveu, vai ser difícil igualar o que senti quando li a abertura de “A Minha Luta”, no seu primeiro volume, publicado em Portugal com o subtítulo “A Morte do Pai”.
Talvez que isto não seja inteiramente verdade. Conheci-o através do artigo que escreveu sobre a sua viagem à Russia, publicado pela The New York Times Magazine, em Fevereiro de 2018, “A Literary Road Trip Into the Heart of Russia” e que a Revista E do jornal Expresso publicou na íntegra na edição de 26 de Maio de 2018. Enquanto percorria a Rússia, percorria a sua história sob o que via nas ruas, nos olhares das pessoas, na biografia de Lenine que transportava consigo e em toda a literatura que trazia viva dentro de si.
Quem leu o primeiro volume de “A Minha Luta”, o terceiro romance do norueguês, não fica indiferente à sua introdução. Pode não gostar de mais nada, abandonar o livro a meio, a um terço, mesmo devorar tudo, como eu.. mas aquela síncope inicial, que não deixa de ser uma bela antítese, vai ficar para sempre gravada. São breves parágrafos que descrevem, com extrema excatidão o que acontece ao nosso corpo quando morremos, aliás, mais bonito ainda, quando o nosso coração cessa a sua vida.
“Para o coração, a vida é simples: bate enquanto pode. Depois pára. Um dia, mais cedo ou mais tarde, este movimento propulsor cessa e o sangue começa a fluir até ao ponto mais inferior do corpo, onde se acumula numa pequena poça, visível do exterior como uma mancha escura e suave numa pele cada vez mais pálida, e isto enquanto a temperatura desce, os membros enrijecem e os intestinos se esvaziam.”
E continua com descrições que têm tanto de belo e magnânimo quanto de quase macabro e repugnante. Entre criptas de Lieberkühn” até ao número médio anual de mortes divulgado pela comunicação social, somos bafejados por um verdadeiro manual sobre tudo o que devemos saber, e sobre tudo o que nunca quisemos pensar sobre a Morte. Mas, foda-se, a morte é mesmo assim. Penso sempre em como é curioso abrir um romance de 3646 páginas, 3552 na edição portuguesa, a falar sobre o fim.
#lerkarlove torna-se inevitável a partir do momento em que decido iniciarum projecto sobre literatura. Dois anos depois de o começar a ler, deleite ao qual tenho dedicado uma parte do meu percurso literário só depois de escrever sobre muitos outros livros, consigo começar a perceber como escrever sobre ele. Tendo a noção de que qualquer mínimo texto que possa escrever, mínima frase que possa proferir, é impossível que não venha carregada de mim por ele, completamente parcial, que obviamente todos somos quando opinamos sobre um livro mas que, neste caso, tenho consciência me pode toldar o julgamento em discussões sobre eles, resolvi abordá-lo por outra vertente.
#lerkarlove torna-se assim, mais do que uma excursão pelos seus livros, mas uma incursão pela sua arte, uma leitura com olhos de quem tenta analisar o mais que pode (sem se esquecer de os usufruir, obviamente), a pesquisa de entrevistas suas e diversa informação sobre a sua obra. leitura dos livros que o influenciaram e, entre outras coisas, actualizações e partilhas de informação recente e pertinente sobre o seu percurso literário.
Se me posso considerar uma expert em Karl Ove Knausgård? Não conheço os seus leitores, críticos, outros escritores, amigos e familiares no mundo inteiro, mas não duvido de que seja uma das pessoas que junta mais informação sobre a sua carreira. Se já li toda a sua obra? Claro que não! Conheço-a toda, mas não a li. Porquê? Não são assim tantos os livros que escreveu, e desses, nem todos estão traduzidos para Inglês (já não os peço em Português). Não quero lê-los a correr porque, além dos querer saborear, não quero correr o risco de ficar sem livros para ler. Imaginam algo do género? É que apesar de estar a aprender Norueguês, não vou conseguir ler um livro completo nos próximos 5 anos!
Sendo assim, estabeleci um plano de leitura das suas obras:
2018
“Min kamp 1” (2009) ✅ ⭐⭐⭐⭐
“Min kamp 2” (2009) ✅ ⭐⭐⭐⭐
2019
“Min Kamp 3” (2009) ✅ ⭐⭐⭐⭐
“Min Kamp 4” (2010) ✅ ⭐⭐⭐⭐⭐+⭐
“Min Kamp 5” (2010) ✅ ⭐⭐⭐⭐⭐+⭐
2020
“Fatherwood” (2009) ✅ ⭐⭐⭐⭐
“Nakker” (2015) ✅ ⭐⭐⭐⭐⭐
“Uforvarende” (2018) ✅ ⭐⭐⭐⭐⭐
“Om høsten” (2015) ✅ ⭐⭐⭐⭐
2021
“Min Kamp 6” (2010)
“Om vinteren” (2016)
“Om våren” (2017)
“Om sommeren” (2017)
“Så mye lengsel på så liten flate” (2017)
2022
“En tid for alt” (2004)
“I kyklopenes land” (2018)
2023
“Ute av verden” (1998)
“Hjemme-borte” (2014)
Livros por traduzir e sem data prevista
“Morgenstejernen” (2020)