• “Flowers for Algernon” de Daniel Keyes

    Não há muitos livros que eu aconselhe, sem receio, toda a gente a ler. Mas “Flowers For Algernon” é um deles sem dúvida alguma. Além de ser um livro magistralmente bem escrito, na minha opinião é impossível sair-se dele ileso. Algernon é um rato de laboratório que é submetido a uma cirurgia ao cérebro para aumentar o seu QI – na realidade depois de várias experiências noutros animais, é o primeiro no qual a cirurgia resulta. Charlie é um deficiente mental com um QI de 68 e o primeiro ser humano a ser submetido à mesma experiência depois dos resultados de sucesso obtidos com Algernon. Charlie é o escolhido porque,…

  • “Circe” e “O Canto de Aquiles” de Madeline Miller

    Madeline Miller lida com o que é clássico desde os seus estudos universitários, tendo sido professora de Latim, Grego e até de Shakespeare. Para quem leu “O Canto de Aquiles” ou “Circe” este caminho profissional é muito fácil de prever, tendo em conta que ambos recontam histórias da mitologia grega. “O Canto de Aquiles”, escrito em 2012 conta-nos a história de Aquiles, filho da Deusa Tétis e do mortal Peleu, o mais forte dos mais fortes, destinado a grandes feitos bélicos. Acompanhamos a sua juventude na ilha onde o seu pai é rei e recebe filhos expatriados pelos seus pais, bem como o seu treino com o centauro Quíron e,…

  • Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro…. sobre Auschwitz!

    Hoje, decidi acabar com as brincadeiras e usar este espaço para falar sobre coisas sérias. Acho que está na hora de parar pensar num dos maiores flagelos da história da nossa humanidade. Não, ainda não é desta que vos vou contar a noite de copos que passei com a Maria Leal, porque também não vos quero deprimir a esse ponto. O flagelo sobre o qual vos quero chamar a atenção é Auschwitz. É tempo de pararmos de nos olhar como “coitadinhos, que vamos todos ser infectados com o vírus”, ignorando os milhões de pessoas que já sofreram e ainda sofrem com a quantidade de literatura sobre Auschwitz que por aí…

  • “A Heartbreaking Work of Staggering Genius” de David Eggers

    “A Heart Breaking Work of Staggering Genious” ou “Uma Obra Enternecedora de Assombroso Génio” de Dave Eggers   Dave Eggers é um conceituado escritor norte-americano, formado em Pintura que dedicou a maior parte do seu percurso profissional ao jornalismo. Aos 50 anos tem um trabalho incrível na luta pelos direitos humanos e pelo acesso à educação a todas as classes sociais, um dos seus livros, “What Is the What”, acerca da vida de um refugiado da Guerra Civil do Sudão, Valentino Achak Deng, resultou numa Fundação que dirige escolas secundárias no Sul do Sudão.   “A Heartbreaking Work of Staggering Genius” é o livro que me inicia na escrita daquele…

  • A Candura de uma folha em branco

    A Candura de uma folha em branco – texto publicado na edição de Setembro de 2018 da Folha de Montemor Tempos infinitos a escrever, a sublinhar e a rasurar, a fazer crescer com o mesmo ímpeto com que se aniquila no momento seguinte, amassando a folha, outrora branca, que, sem piedade enterramos no lixo junto com os guardanapos sujos, os pelos dos cães e da gata e os restos do jantar de ontem. Talvez seja por isto que a candura de uma folha em branco assusta tanto. É como que relembrar o eterno temor de falhar perante tamanha imagem de perfeição. O temor de ter de votar ao esquecimento e…

  • A Angústia de um leitor que não lê

    Quem gosta muito de ler, tem sempre o desejo de ter uma biblioteca maior do que a sua casa consegue guardar. Cada vez que encontro alguém que queira mudar de casa penso sempre para comigo: “A biblioteca daquela pessoa já não cabe na casa onde vive” – mentira, não penso em nada, não me interessam, nem quero saber da vida dos outros, mas achei que, por propósitos literários, esta frase ficava bem no contexto do que estou (a tentar) escrever. E o que é que eu estou a tentar escrever? Pois, vamos a isso. Estou aqui para tentar pensar, e partilhar, um pouco dos tsundokus comuns a todos os que…

  • Entrevista a José Riço Direitinho

    “Leio como se me escrevesses” – entrevista ao escritor José Riço Direitinho e artigo sobre o seu livro”O Escuro que te ilumina”, realizados em Novembro de 2018 “Eu sou muito bem comportadinho e escrevi um livro assim. (risos)” Esta entrevista não é uma entrevista, também o é, mas além disso, é uma conversa entre um escritor e uma aspirante a escritora, que encontrou no “O escuro que te ilumina”, uma identificação a nível pessoal e literário. Há respostas que são para mim, porque é a mim que essas questões assolam. Porque sou eu que o “Leio como se ele me escrevesse”. Muito se escreveu já sobre “O escuro que te…

  • “A Peste” de Albert Camus

    Ler est’A Peste nos dias de hoje, é como abrir o jornal Público todos os dias. Palavras como: infectados, mortes, pandemia, quarentena, equipamentos de protecção pessoal, salvo-conduto, entre tantos outros, são termos que, em poucas semanas se tornaram tão recorrentes nas nossas conversas quanto comida, trabalho, roupa, livros ou séries. O cenário é uma cidade na Argélia, Orão, que se vê infestada e isolada pouco tempo depois de começarem a aparecer alguns ratos mortos pelas ruas. Pouco a pouco, também as mortes humanas começam a aparecer e, a muito custo, a palavra “peste” é proferida, mudando para sempre a vida dos habitantes de Orão. Nós, hoje, sabemos o que se…