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A Man Called Ove de Frederick Backman
⭐️⭐️⭐️⭐️ “Either they walk fast or they run slow, that’s what joggers do. It’s a forty-year-old man’s way of telling the world that he can’t do anything right.” É este o tom do livro de Fredrik Beckman. Tinha vontade de o ler desde que saiu e agora, com a promoção do filme com Tom Hanks no papel de Ove, houve algo que me fez sentir: “É desta!” É um livro fácil de ler em termos de linguagem e com um enredo simples, saltando de memória em memória entre o presente e o passado como contexto da personalidade da personagem principal, Ove. Não, não torna o livro viciante, porém dá à…
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Manual do bom fascista
Hoje cedo bateram-me à porta e, para minha infelicidade, não consegui esconder a minha presença. Era um homem esguio, de fato e gravata. Eu, já escaldada com estes tipos avisei logo: _ Se vem para instalar o medo pode dar meia volta que o Carlos e o Sousa já cá estiveram a semana passada. _ O Carlos e o Sousa? Mas nós não temos ninguém com esses nomes na nossa empresa! Confirmou as credenciais dos técnicos? Olhei-o de lado… _ Estou a ver pelo seu ar de dúvida que os meus colegas fizeram um bom trabalho, então! _Ouça, eu já disse e torno a dizer, eu vivo com dois cães,…
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“Choose Your Own Autobiography” de Neil Patrick Harris
Ao pesquisar literatura de humor, encontrei, incontornavelmente, biografias de humoristas. Não que Neil Patrick Harris seja considerado um humorista per se, mas a verdade é que é na comédia que o seu trabalho de actor sempre se destacou, desde Doogie Howser até ao grande Barney Stinson – apesar de não ser uma fã da série “How I Met Your Mother”, considero que é uma das melhores personagens de sitcoms produzidas nos últimos anos. E, se ainda não viram a adaptação da Netfilx de “Uma Série de Desgraças”, uma colecção de aventuras dos órfãos Baudelaire, escritas por Lemony Snicket, vejam porque, além de ser uma série maravilhosa, a interpretação de Harris…
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“Mizé – Antes galdéria do que normal e remediada” de Ricardo Adolfo
Ricardo Adolfo é um escritor português nascido em Angola que vive em Tóquio e “Mizé – Antes Galdéria do que Normal e Remediada”, escrito em 2006 foi traduzido para espanhol, alemão e holandês, editado primeiramente pela D. Quixote, em 2010 pela Alfaguara e em 2021 pela Companhia das Letras. 2003 “Os Chouriços São Todos para Assar” 2009 “Depois de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas” 2014 “Maria dos Canos Serrados” valeu-lhe a nomeação como uma das Caras do Futuro da literatura portuguesa pelo escritor António Lobo Antunes para a edição especial do 20.º aniversário da revista Visão. 2015 – “Tóquio Vive Longe da Terra” explora as particularidades diárias e as excentricidades…
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“O Outono em Pequim” de Boris Vian
Houve esta: “Folubert Sansonner deteve-se, comovido, diante da porta de Léobille e mergulhou o indicador da mão direita no buraquinho da campainha, agachada no fundo pois estava a dormir. O gesto de Folubert acordou-a em sobressalto. Virou-se e mordeu cruelmente o dedo de Folubert, que desatou a ganir em tom agudo. (…) Este empunhava uma pistola fumegante, com a qual acabara de matar a campainha. (…) _ Matei este bicharoco infame – disse ele. – Trate você da carcaça. _ Mas… – disse a irmã de Léobille. Depois desfez-se em lágrimas, pois a campainha já estava com eles há tanto tempo que fazia parte da família.” Mas foi principalmente…
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“Your Fathers, Where Are They? And the Prophets, Do They Live Forever?” de Dave Eggers
Oh, Eggers, Eggers, que bem me fazes tu! Para quem não conhece Dave Eggers, tenho uma pequena introdução na opinião que fiz sobre “A Heartbreaking Story of Staggering Genious”, o primeiro livro da sua carreira de escritor. “Your Fathers, Where Are They? And the Prophets, Do They Live Forever?” aparece 14 anos depois. Este é um livro cujo personagem principal, Thomas, procura respostas sobre o mundo a partir de um evento específico, a morte do seu melhor amigo. Para isso,conversa com várias pessoas que de alguma forma fizeram parte da sua vida ou estiveram relacionadas com o evento, desde um astronauta, ao médico responsável do hospital na noite…
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Sugestões de Leitura
Nesta TBR irão encontrar todo o tipo de livros relacionados com o humor. Há livros teóricos, como os de Harold Bloom, ou mesmo de Ricardo Araújo Pereira. Biografias de humoristas, mais dentro ou fora das ribaltas. Textos assumidamente humorísticos, romances ou seleccões de contos, e também obras que, na altura das minhas pesquisas estão conotadas com escritas altamente humorísticas, seja pelo som tom divertido ou sarcástico. A grande maioria dos títulos encontram-se em inglês por duas razões, a primeira é porque este género não apresenta, ainda, muitos títulos traduzidos para a nossa lingua e também porque o humor apresenta muitas subtilezas que, na tradução, é impossível manter, independentemente da qualidade…
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Uma Nação de Dois, “Mother Night” de Kurt Vonnegut
Kurt Vonnegut foi um escritor norte-americano da segunda metade do século XX. A sua obra é reconhecida no campo da ficção-científica e pelo seu tom irónico, sarcástico e de humor negro, sempre com uma observação e exposição muito profunda e crítica sobre a condição humana. “Nós somos o que fingimos ser, por isso mesmo, devemos ser cautelosos com o que fingimos ser” Mother Night (1961) é o romance que marca o afastamento de Vonnegut do mundo do fantástico, e que tem como inspiração a sua própria experiência enquanto soldado da Segunda Guerra Mundial capturado em Dresden. Os termos da Convenção de Genebra, que garantiam aos prisioneiros de guerra condições dignas…
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“Yes Please” de Amy Poheler e “Bossy Pants” de Tina Fey
Quando me propus a ler literatura de humor, nas minhas pesquisas superficiais, o género literário que mais encontrei foram autobiografias de humoristas ou comediantes. De todas as que encontrei, seleccionei as de mulheres, visto que, infelizmente, o humor é ainda um terreno onde dificilmente encontramos a voz delAs, principalmente no mundo editorial, sendo nas autobiografias que elas mais se fazem ouvir, contando as suas histórias, talvez, em mais uma tentativa de marcar o seu lugar. São algumas, mas como sabia que não ia conseguir ler muitas porque queria ler outros géneros, resolvi escolher 2 mulheres, Amy Poheler e Tina Fey – sabia que tinham percursos que se cruzavam e…
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“A Dirty Job” de Christopher Moore
Christopher Moore é um escritor americano conhecido pelo género “fantasia cómica”. E, se não me tivesse sido recomendado por quem foi (obrigada Tininha!), teria desistido nas primeiras páginas. Primeiro porque fantasia não é, de todo o meu género, e depois porque não estava a achar a parte do “cómico”, do humor. No entanto, no meio dos monstros e de alucinações e de bebés protegidos por cães gigantes lá me comecei a agarrar à história e o livro acabou por se tornar um dos favoritos de 2020 e o Moore, provavelmente um Novo Amor. Há de tudo nesta história, polícias, bebés, monstros de esgoto cheios de penas e de bicos, machos…




















